COLETADOS X NÃO COLETADOS

 

Passeando pelo site Mototour.com.br li esse artigo escrito pelo internauta Adriano Rotting e achei super interessante fazer um Ctrl+C e Ctrl+V, segue texto abaixo.

 

Coletado VS não coletado
Publicado em 12/04/2010

Nome: Adriano Rotting
Estado: SP
Email: adrianobatista@ig.com.br
Profissão: Projetista
Cidade: São Paulo

Opinião: Toda vez que leio algum artigo (e não são poucos) sobre este polêmico assunto (coletado VS não coletado) é sempre a mesma história: preconceito, pouco-caso, negligência e até mesmo arrogância. Sempre que possível, vou com minha garota aos finais de semana em alguma festa motociclística e de uns anos pra cá, percebi um certo desdém com aqueles rotulados como "não-coletados" (também chamados por alguns coletados de penetras, infiltrados ou visitantes).


Assim como muitos motociclistas, não participo de nenhum motoclube / motogrupo por pura falta de tempo pra tal empreitada. Ouço dizer de alguns coletados mais próximos que "não basta ter o brasão nas costas, tem que participar, tem que atuar, fazer acontecer, somar forças, compartilhar idéias, viagens, conhecimentos mecânicos, alegrias e tristezas. Seja nas estradas, seja fora destas". Justamente por não dispor de tempo suficiente para tal dedicação a uma de nossas grandes paixões: a motocicleta. Outro comentário de um coletado: "vestir um colete fechado, falar que é de tal motoclube, que anda com a turma do fulano, com a galera do cicrano é fácil, mas na hora de por a mão na massa, tem coletado que inventa dezenas de desculpas pra não comparecer. Este tipo de comportamento vem crescendo de uns tempos pra cá"

Outro aspecto que me fez pensar 2 vezes antes de assumir tal compromisso (o de me tornar um motociclista coletado) é aquela velha conversinha fiada sobre as cilindradas da sua máquina. 


Prefiro não citar nomes (tampouco motoclube), mas gostaria de saber: Porque eu sou muito bem recebido em determinados eventos quando vou com uma moto custom de grande cilindrada? 

E porque quando vou com a "pororóca" de baixa cilincrada, tem coletado que chega a dar as costas pra mim? Ou simplesmente não percebe a minha presença (apesar de ter mais de 1,90 de altura?). Por causa desta desagradável experiência não vou mais a um determinado evento. 

Minha intenção não é a de ofender ninguém, nem gerar polêmicas ou fazer fofocas, mas ando meio desconfiado que para alguns coletados do motoclube "X", as cilindradas importam sim! E muito! A ponto de mudar o tratamento pessoal para com o visitante. Ok, vai ter gente que vai falar que no motoclube dele, isto não acontece. Mas em outros, isto acontece sim. Pode ter certeza! Se você não é uma figurinha carimbada no meio motociclístico, conhecido por todos, experimente ir em algum evento "a paisana"...

 


Outro exemplo que me aconteceu semanas atrás: Como já citei, tenho uma moto de maior cilindrada para curtir viagens e eventos e tenho uma outra igual a dos "vidaloka", para uso diário (como muitos daqui). Utilizo a "pororóca" para me deslocar até o trabalho. Todo santo dia, faço o mesmo trajeto casa-trabalho. Pontualmente. O que me faz, de vez em quando, encontrar com algumas figuras diariamente. Entre estas figuras, está um motociclista, sempre trajando seu surrado colete, cheio de adereços, patches e "pinduricos" com um brasão nas costas, fazendo cara de mau montado sobre sua bela motocicleta (parabéns pela máquina!). Percebi que quando estou pilotando minha máquina (que por sinal tem mais cilindradas que a dele, hehehehe) o cidadão me cumprimenta, observa a moto de cima a baixo e quando o semáforo sinaliza verde, ele sai de boa, vamos um atrás do outro, devagar, desfilando nossas belas máquinas cheia de cromados e discretamente chamando a atenção de motoristas, motociclistas e pede
stres. E descobri que, ironicamente, que quando estou de "pororóca" além dele nem olhar na minha cara, quando o farol abre, ele acelera sua máquina pra valer, ensurdecendo todos aqueles que ficaram pra trás. Uau! Seria este o tal espírito motociclístico que tanto pregam por aí? Eu acredito que este comportamento seja um caso isolado. E você? Acredita mesmo ser este fato um caso isolado?

E o mais engraçado de tudo é que quando eu conto esses "causos" para outros motociclistas, eles são unânimes em afirmar que infelizmente existem sim os tais "laranjas podres", o "câncer", a "gangrena", como em qualquer outro meio. No entanto, também rimos fazendo piadas contra esta falsa irmandade que infelizmente anda bastante comum em muitos motoclubes: "É a irmandade igual a do Caim e Abel" (risos)... Fico feliz ao ouvir de coletados dizendo que não importa o brasão, nem a cilindrada, o importante é que você veio, que está aqui conosco, que compartilha as mesmas idéias, nos traz boas energias, enfim, sinais claros de que apesar das laranjas podres, ainda sou bem vindo em alguns eventos. E tratado com igualdade, de pessoa para pessoa, como semelhantes.

 

 


Assim, continuo tocando minha vida motociclística, igual a um coletado, seja nas viagens, ou sensações e paisagens que só a motocilceta me proporciona, nas idas e vindas de um ou outro evento, participando sempre que possível de doações, campanhas de solidariedade, visitas a entidades, trabalhos voluntários e o mais importante: mantendo o espírito motociclístico independente de brasão ou cilindrada.

Caros coletados que menosprezam minha pessoa não coletada e com uma moto bicheira: deixem de ser medíocres, ortodoxos e radicais. Prestem mais atenção nas pessoas e não nos seus bens materiais. Afinal quando estamos sem colete e sem moto, somos ou não todos iguais? Dêem mais atenção ao caráter das pessoas e não no que ela pode comprar ou o que ela porta. Lembre-se: você não nasceu de colete e pra tudo existe uma primeira oportunidade. Quer um mundo melhor? Faça sua parte, tenha (e mantenha) sua postura. Seja educado. Respeite. Faça agora, não espere pelos outros. Pode não dar tempo. Este alguém pode não vir. Você é livre, mesmo sem moto, mesmo sem colete, mesmo sem motoclube. Lembre-se que tudo o que por aqui fizeres, aqui pagarás. Alguém duvida?

Que Deus abençoe todos meus irmãos.

 

Fonte:

https://www.mototour.com.br/opiniao/coletado_vs_nao_coletado.html